70 Anos da Revolução Comunista na China:
Creditos para
BBC
News Mundo
![]() |
China tem vivido mudanças sem precedentes |
Quando Mao Tsé Tung (ou Zedong) chegou ao poder
em 1949, a China estava dominada pela pobreza e devastada pela guerra.
Nesta terça-feira (1º), quando se completam 70 anos do triunfo dos
comunistas, o país está radicalmente diferente: é uma potência mundial de
primeira grandeza e aspira chegar ao topo da economia global.
Mas seu "milagre econômico", único na história, não se deve
necessariamente ao "Grande Timoneiro", mas a uma campanha
impulsionada por outro líder comunista, Deng Xiaoping.
§ Os jovens de Hong Kong
que prometem ofuscar a celebração dos 70 anos da Revolução Comunista da China
A chamada "Reforma e Abertura" conseguiu tirar 740 milhões de
pessoas da pobreza, segundo dados oficiais.
Sob a ideia de um "socialismo com traços chineses", Xiaoping
rompeu com o status quo e implementou uma série de reformas econômicas,
centradas na agricultura, num ambiente liberal para o setor privado, na
modernização da indústria e na abertura da China para o comércio exterior.
Esse percurso
afastou o país do comunismo de Mao Tsé Tung e "rompia as correntes"
do passado, nas palavras do atual presidente chinês, Xi Jinping.
Um país
pobre
![]() |
Na China, ir a uma loja da Apple pode ser uma dor de cabeça |
A mudança de curso começou em 1978.
À época, a China era uma nação bastante diferente do que vemos hoje, em
que equipara-se ao nível dos Estados Unidos e da União Europeia.
Era um país pobre, com um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 150 bilhões
e uma população de 800 milhões de pessoas. Hoje, são 1,38 bilhão de habitantes
e um PIB de US$ 12 trilhões, segundo dados da Organização das Nações Unidas
(ONU).
Mao, o histórico fundador da República Popular da China, havia morrido
anos antes das mudanças de Xiaoping, deixando um controverso legado.
Entre seus grandes projetos estão o Grande Salto Adiante (1958-62), que
buscava transformar a economia agrária do país e provocou uma escassez de
alimentos que levou à morte de ao menos 10 milhões de pessoas (fontes independentes
falam em até 45 milhões de mortos); e a Revolução Cultural (1966-76), uma
campanha de Mao contra os partidários do "capitalismo", que também
levou a milhões de mortos e paralisou a economia nacional.
![]() |
Deng Xiaoping rompeu com o caminho estabelecido pelo líder da revolução, Mao (à esq.) |
Nova
fórmula
Xiaoping
optou pelas chamadas "quatro modernizações" e uma evolução da
economia na qual o mercado teria um protagonismo crescente.
Para
ele, não importava se o sistema econômico chinês era comunista ou capitalista,
mas sim se funcionava. "Não importa se o gato é preto ou branco desde que
cace ratos", afirmou o chinês em um discurso na conferência da Liga da
Juventude Comunista da China.
Seu
programa foi ratificado em 18 de dezembro de 1978 por parte do comitê central
do Partido Comunista da China e tornou a modernização econômica sua principal
prioridade.
![]() |
Uma imagem comum de Pequim em 1978: a avenida Chang An tomada por bicicletas |
Nos
anos seguintes, foram colocadas em prática mudanças que até então eram
consideradas bastante ambiciosas e enfrentaram resistência da ala mais
conservadora do partido no poder.
O setor agrícola, por exemplo, abandonou progressivamente o sistema
maoísta de economia rural planificada, que permitiu incrementar a produtividade
e tirar regiões do país da pobreza, fomentando a migração de mão de obra para
zonas urbanas.
Também floresceram as cadeias do setor privado e, pela primeira vez
desde a criação da República Popular em 1949, o país se abriu para
investimentos estrangeiros.
Se na economia planificada o Estado determina o tipo, a quantidade e o
preço das mercadorias que serão produzidas, na economia de mercado são as
forças da oferta e da demanda que estabelecem o que é comprado e vendido.
Em sua cruzada para modernizar e fazer crescer a economia, o líder
chinês incentivou sua equipe a aprender com as potências ocidentais.
Foram criadas também zonas econômicas especiais, como a da cidade de
Shenzhen, que sofreu uma transformação incrível e hoje é conhecida como o Vale
do Silício chinês.
Essa abertura ao exterior contribuiu para aumentar a capacidade
produtiva da China e fomentar novos métodos de gestão.
Depois de um longo processo, as mudanças permitiram que a China
conseguisse entrar na Organização Mundial do Comércio em 2001, ingresso que lhe
abriu definitivamente as portas para a globalização e catalisou seu progresso
econômico.
Assim, em 2008, quando a crise econômica global estourou e o Ocidente
saiu em busca de novos mercados, a China conseguiu se destacar entre todos os
outros e se converteu na "fábrica do mundo".
Apesar do boom
econômico, a China luta agora para se descolar dessa função: quer deixar a
manufatura para trás e se tornar um país conhecido pela inovação.
À
medida que o gigante asiático amadureceu, o crescimento do seu PIB desacelerou
significativamente.
Se
em 2007 era de 14,2%, em 2018 esse percentual de expansão foi reduzido para
6,6%.
Mas
se olharmos mais para trás, desde 1980, o tamanho da economia chinesa foi
multiplicado por 42.
Até
2030, os economistas estimam que o crescimento do país será reduzido a
aproximadamente um terço do percentual atual.
Mas
ainda assim seria suficiente para superar os Estados Unidos como a maior
economia do mundo.
E as
mudanças políticas?
A
despeito do progresso econômico, as reformas trouxeram também consequências
negativas para o país, como a alta desigualdade social e a grave contaminação
do ar em diversas cidades chinesas.
Mas,
segue intacto o rígido sistema de governo de partido único no país inaugurado
com a revolução.
Críticos
e ativistas denunciam uma crescente repressão dos direitos humanos e uma
concentração de poder ainda maior em torno do atual presidente Xi Jinping,
responsável por restringir ainda mais as liberdades da população.
Desde
que ele aboliu o limite temporal de sua Presidência, no ano passado, as
notícias sobre descontentamentos com o governo cruzaram as fronteiras chinesas.
Seus
críticos o acusam de concentrar ainda mais o poder e de promover uma campanha
de culto a sua personalidade em nível inédito desde os tempos de Mao.
O
mandatário também tem estado sob a mira da comunidade internacional por conta
das denúncias sobre sistemas de vigilância massiva da população, de queixas de
trabalhadores por jornadas laborais desmedidas e de detenções de membros da
minoria muçulmana em campos de detenção na região de Xinjiang.
![]() |
Xi Jinping é tido como o líder chinês com mais poder desde Mao |
No aniversário de 40 anos da "Reforma e Abertura", em dezembro
passado, o mandatário chinês enfatizou a importância da "liderança"
do Partido Comunista Chinês em seu discurso no Grande Palácio do Povo de
Tiananmen, praça de Pequim onde o Exército reprimiu com violência manifestações
a favor de reformas políticas, deixando um número desconhecido de mortos.
creditos para:
https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4446581674890134194#editor/target=post;postID=3374957759596209911